05/12/2023 - G1 SP
Legislação determina que prefeitura de SP reduza em 50% as emissões de gás carbônico no transporte coletivo e de coleta de lixo até 2028 e zere as emissões até 2038, mas cidade não deve bater metas. Apenas 69 veículos de energia limpa circulam pela cidade; frota tem cerca de 12 mil ônibus.
TV Globo
Capital publica regra para compra de ônibus elétricos
A Prefeitura de São Paulo publicou as regras para o repasse que fará às concessionárias de transporte coletivo para a compra de ônibus elétricos. Atualmente, 69 veículos do tipo circulam pela cidade, sendo que a frota total é composta por cerca de 12 mil ônibus.
A portaria publicada na segunda-feira (4) determina que a parcela a ser paga pela prefeitura não poderá ser maior do que a diferença entre os preços dos ônibus elétricos e a diesel. Dependendo do modelo, um ônibus elétrico pode custar cinco vezes mais do que o movido a diesel.
Com o alto custo do projeto, que passa dos R$ 5,7 bilhões, a prefeitura foi em busca de financiamento. Com o BNDES, obteve R$ 2,5 bilhões. O restante veio via Banco Interamericano de Desenvolvimento e Banco Mundial.
O programa de metas da gestão Ricardo Nunes (MDB) tem como meta chegar a 2,7 mil coletivos elétricos até o fim do mandato. A adoção deste tipo de transporte impactaria diretamente no cumprimento das metas de redução de emissão de poluentes da prefeitura.
A legislação determina que a administração municipal reduza em 50% as emissões de gás carbônico no transporte coletivo e de coleta de lixo até 2028 e zere as emissões até 2038.
Em setembro, a capital recebeu 50 novos ônibus elétricos. As concessionárias firmaram contrato com a Enel X, braço de mobilidade da Enel, para ter os veículos e infraestrutura de recarga nas garagens. Com isso, a frota chegou a 69 ônibus.
Durante a entrega, Nunes falou da expectativa de atingir 600 elétricos até o fim deste ano. “Não tinha ônibus disponível no mercado para aquisição, agora as indústrias se organizaram. Nós temos encomendados para este ano essa quantidade de ônibus para a gente poder substituir pelo menos 600, somado a esses 50 aqui obviamente e, no ano que vem, 1.200.”
Apesar de este número não ter crescido, a prefeitura mantém a previsão de alcançar 20% da frota dos ônibus movidos a energia limpa nesta gestão. Ou seja, cerca de 2.400 ônibus circulando até o final do ano que vem.
Segundo o prefeito, mesmo que a cidade atinja a meta, ainda falta estruturar as estações de abastecimento desses ônibus. E isso não caberia à prefeitura, mas sim à Enel, segundo ele.
“Concessionárias têm mandado fotos de ônibus que estão prontos e estão me falando aqui que a Enel não está colocando a infraestrutura, o que é isso? Nas garagens, colocar a infraestrutura para poder carregar a bateria.”
De acordo com a administração municipal, 152 ônibus estão prontos, à espera de estrutura para começar a circular.
Em nota, a SPTrans afirmou que “a Enel X firmou termo de intenção diretamente com as empresas do sistema de transportes para implantação do projeto de infraestrutura nas suas garagens, mas ainda não deu início aos projetos e respectivas obras”.
A Enel X, por sua vez, informou que entregou a infraestrutura para a leva de 50 ônibus entregues em setembro. E que dispõe de carregadores para abastecer os próximos veículos que serão incorporados em breve à frota municipal.
Segundo a concessionária, a ampliação da infraestrutura vai ocorrer à medida em que novos veículos forem incorporados à frota e as negociações privadas com os operadores avancem.
Para Hélio Wicher, especialista em direitos urbanísticos, a estrutura da cidade para troca da frota ainda deixa muito a desejar. Ele também vê com preocupação o cumprimento das metas.
“A estrutura da prefeitura da cidade hoje para receber os ônibus elétricos é basicamente inexistente. Há um compromisso e algumas parcerias com fornecedores de energia elétrica, empresas fornecedoras de energia para a instalação desses equipamentos, mas hoje ainda é ínfima em relação ao que seria necessário para atingir.”
E completa: “Infelizmente a gente enxerga a meta de 2.400 ou 2.600 [ônibus elétricos] como praticamente impossível de eles atingirem em 2024. E a meta de 2028 vai se tornando então mais difícil ainda. Porque teria que ter 50% da frota não emitindo poluentes. O prazo se torna cada vez mais inexequível, considerando tempo que tem levado para decisões serem tomadas”.